terça-feira, 31 de março de 2009

Os meus desenhos

Olá! Já com a mente em contagem decrescente, decidi vir-vos mostrar esta série de desenhos que tenho andado a fazer e que tem sido o motivo de eu não ter andado a fazer mais coisas, ou pelo menos coisas que mereçam a relevância que o blog lhes dá, ou que eu acho que devem ter para constar nele. Tenho feito muito mais desenhos do que estes, mas estes são os da última série, relativa a cidade de Tallinn. Na verdade, falando de trabalho ou da minha produção, a verdade é que aqui tenho sido pouco produtivo no fazer das mãos, mas muito no fazer do pensamento. Tenho escrito bastante, tenho pensado e, ao fazer estas colagens, também tenho usado o tempo para ouvir boa música e pensar, muito! Vou então com excesso de bagagem mental (ok, execesso não, mas era só pela analogia! :)), pelo que quando voltar, ninguém me vai ver fora das oficinas, agarrado ao barro, à madeira, ao metal, ao gesso, tudo coisas de que sinto falta e me apetece voltar. Mas, este também era um dos objectivos da viagem: reflectir, pensar, crescer ideias em mim. E lá isso realizei! Muitos objectivos caíram ao lado, pois não foi o que estva à espera (o que não significa que foi mau), mas em relação a este, sim, sem dúvida concretizado! Estes desenhos são então em estudo dos diferentes tipos de espaço numa cidade: a laranja as casas e edifícios públicos - espaços construídos para habitar; a verde os espaços ao ar livre - àreas de lazer; e as estradas: espaços de circulação. Tenho também mais desenhos da cidade para mim, isto é: o mapa da cidade que eu conheço e da que me falta conhecer, entre outros. Depois quando fizer a exposição vêem-nos todos! Abreijos João

terça-feira, 24 de março de 2009

Copenhaga 21 e 22/03/2009

Olá! A Pequena Sereia, que é mesmo pequena pois só a vi por acaso! Tenho a dizer que por aqui nada de muito especial se passa. Os meus dias são basicamente passados a desenhar, que não é bem desenhar, pois o que ando a fazer são umas colagens, de grande precisão e paciência. Por vezes canso-me, mas estou a gostar dos resultados. Em breve fotografo um ou dois e mostro, pois estes não são exactamente como os outros brancos. Enfim, está a ser um trabalho diferente que provavelmente só faria estando aqui, tanto pelo facto de estar a trabalhar com mapas, como pelo tempo que aqui posso reservar para estes trabalhos. Bem, mas para além disso, o que venho aqui deixar-vos é o relato da minha viagem a Copenhaga, Dinamarca, que fiz no passado fim-de-semana. Apesar de não ir com "demasiadas" expectativas, não que não quisesse ir lá (obviamente! Se não, não ia, não é?!), esta acabou por se revelar umas das cidades mais interessantes que por estes tempo visitei. Agradou-me o tempo que por lá se sentia, não que estivesse como aí, pois, porque sei que em Portugal estiveram 30 graus, ou algo do género. Na Estónia também 30...ups, tira o zero...3ºC e houve um dia em que acho que chegou aos 4 ou 5. Bem que calor, não imaginam! Copenhaga: Tenho a dizer que uma das coisas que mais me impressionaram nesta bela cidade foi a quantidade de bicicletas. Já as tinha visto também em Estocolmo, mas aqui, não tem comparação, e, também devido à temperatura, havia mais gente a pedalar pelas ruas, mas é tanta gente que quase nem há carros! Houve sítios por onde passei, em que não havia carros a passar na estrada. E adorei ver umas pessoas a sair do teatro, pela porta lateral (se calhar até eram actores famosos dinamarqueses, mas não sei!) e depois, apesar de eu não perceber o que diziam, achei graça aos três, cada um com a sua bicicleta e depois da despedida, cada um na sa direcção, com as malas nos cestos de verga. Adorei! Bem, mas Copenhaga não são só bicicletas (quase, mas enfim!) Copenhaga é Hans Christian Andersen, é a Pequena Sereia, (bicicletas!), Carlsberg, pessoas elegantes, ruas limpas, transportes ultra-modernos e eficientes, pessoas simpáticas, parques por onde apetece passear, canais, casas coloridas, ruas seguras e muito mais! Nihaven, um dos bairros mais pitorescos da cidade
A Bibioteca Nacional, conhecida como Black Diamond
Não vou relatar de facto os dois dias, pois muito da minha viagem foi andar pelas ruas (ando a descobrir este prazer nas viagens, em vez de ser só museus e sítios para ver). Anda-se muito bem por toda a cidade, eu não apanhei um único autocarro! Só o comboio de e para o aeroporto. Fiquei instalado num pequeno hotel perto da zona com mais casas de meninas e achei engraçado pois talvez aquela zona seja a menos segura da cidade (não sei, imagino), mas sentia-me ali como em casa. Acho que se deve ao nível de vida das pessoas, ali ninguém precisa de roubar ou algo do género pois todos parecem viver em grande dignidade, rsponsabilidade cívica e segurança a todos os níveis.
Para o Domingo reservei uma ida a Galeria Nacional da Dinamarca (Statens Museum for Kunst), um museu muito interessante pois alberga arte dinamarquesa e internacional dos mais variados períodos e épocas, de uma forma algo eclética, mas que torna a visita muito, muito interessante, pois não estamos durante muito tempo só a ver paisagens e naturezas-mortas do século XVIII, mas antes, ora um Matisse, ora um Sbrichnny qualquer dinamarquês, ora um Donald Judd, enfim, gostei mesmo muito!
Outra coisa que observei foi a recorrência com que a arquitectura moderna ser liga com a antiga. Este museu e a biblioteca são bons exemplos disso. Achei de grande valor e, apesar serem sempre completamente diferentes, tive sempre uma sensação de relação e não de choque entre ambas. Aqui o design e a arquitectura são da melhor qualidade, isso dá para ver em todos os lados: lojas, jardins, transportes, enfim...
Depois do museu caminhei até ao outro extremo da cidade, a zona ribeirinha do maior canal, uma das zonas de que mais gostei, onde tive tempo de apanhar um pouco de Sol e andar pelas redondezas, enquanto via o que por mim ia passando. Depois disso, e como o tempo já não chegava para tudo, ainda pude ir ao Museu Nacional, onde só tive tempo de ver o andar de baixo, mas, ao que me pareceu, chegou para ver a obra-prima do museu: esta belíssima carroça, da Idade do Bronze, que, apesar de ter à volta de 5000 anos, inspirou vários artistas, como Giacometti, é um dos mais belos exemplares de escultura daquele período e é "masterpiece" no Museu Nacional da Dinamarca. Um dos pontos altos, sem dúvida.
Depois disso, como o tempo já não era muito, segui para o aeroporto, de onde parti em direcção a Tallinn, mas com o pensamento no sentido oposto...
Beijinhos e abraços

terça-feira, 17 de março de 2009

Kodu

Pois é, o CD que vinha com o meu livro de estoniano continua a surpreender-me!

Aqui vai a tradução possível:

A casa da maçã é a macieira,

A casa da pera é a pereira,

A casa da cereja é a cerejeira,

A casa da abelha é a colmeia.

A casa do sorriso não é uma àrvore,

A casa do sorriso é a boca de uma criança.

Não é giro!?

Fiquem bem! Sorriam!

sábado, 14 de março de 2009

Gediminas Akstinas Workshop

Olá!
Antes de mais, gostava de dizer que estou bem, que estou a gostar da minha experi~encia e, como disse, talvez seja uma das coisas mais importantes que já fiz, para a minha formação a todos os níveis e portanto não quero que pensem que não estou a gostar ou que estou triste por causa do último post. O que se passou foi um sentimento algo passageiro mas que também faz parte da experiência!
Bem... durante toda esta semana participei num workshop no departamento de escultura (aquele atrás do Sol posto!). Quem deu o workshop foi o artista lituano Gediminas Akstinas, de cujo trabalho gostei muito, pois estive a procurar na net antes de me inscrever, e pareceu-me bastante interessante e ao meu género, de alguma forma, por isso, abracei a ideia.
Aqui estão as imagens de trabalhos que encontrei na net mas, na verdade, no portfolio estavam trabalhos que talvez até goste masi, mas achei muito bom trabalho
O tema para o workshop foi o auto-retrato. Deveríamos então fazer uma instalação onde constasse o nosso retrato mesmo, isto é, deveríamos ir ao fotógrafo ou fazer em casa um foto tipo as que se tiram para os passes, bué "standardizadas" que poderia ter o tamanho que quiséssemos´(máximo A4). Para a instalação podíamos usar os materiais que quiséssemos e o objectivo do workshop era o de fazermos um auto-retrato, numa semana, a apresentar num sítio específico do ediício.
A húngara Scilla (à esquerda), o nosso tradutor e a chinesa Yang Li. "Gente boa"
Durante a semana andámos então à conversa, o que demorava bastante tempo, tanto por haver muito do que falar, como porque se demorava muito tempo pois, como disse, ele é lituano mas não fala inglês. Então falava russo a um estoniano que traduzia para outro estoniano, que traduzia para inglês! Só por si, isto para mim era uma performance!
No final apresentámos então os trabalhos e tivemos a falar deles.
Para o meu, decidi fazer um auto-retrato da minha situação, isto é, do facto de estar fora de casa, noutro sítio, longe e que para mim tem uma determinada carga. Basicamente é sobre o que estou aqui a fazer (na Estónia) e como relaciono com esta cultura.

Alguns tópicos, pois não quero explicar o que para mim quer dizer, apenas sugerir:

Subir

Vazio

Neve

Branco

Paisagem

Revelação

Estar longe.

Estar fora de casa

Sentir que não estou em casa

Encontro

O meu trabalho (madeira, baldes, neve, banco e papel de arquitecto).

Basicamente acho que também tem haver com o trabalho que tinha exposto no posto dos correios pois é sobre isso que ando aqui a trabalhar, tanto de facto, isto é, estou a desenhar sobre isto e, por outro lado, a pensar e recolher informação para, com ela fazer uns trabalhos que estarão numa exposição individual que pretendo fazer em Portugal pois, para além de não ter tempo para a fazer aqui, no final também teria pena de deixar os trabalhos para trás, por isso, decidi estar mais a pensar e depois, quando voltar, trabalhar no duro, por as mãos na massa!

Houve propostas de que gostei e no fundo, o melhor disto foi ver as linguagens de cada um.

O professor junto do trabalho da Scilla, um dos que gostei mais.

Aqui está o trabalho de uma alemã que vi pela primeira vez, pelo que não me lembro do nome. Confesso que estava com medo de estar ali pois ela põs um secador de cabelo ligado à corrente no meio daquela neve toda!

Partilho então outra experiência!

Até breve

quarta-feira, 11 de março de 2009

11/03/2009

Numa casa portuguesa fica bem

pão e vinho sobre a mesa.

E se à porta humildemente bate alguém,

senta-se à mesa co'a gente.

Fica bem essa franqueza, fica bem,

que o povo nunca a desmente.

A alegria da pobreza

está nesta grande riqueza

de dar, e ficar contente.

Quatro paredes caiadas,

um cheirinho á alecrim,

um cacho de uvas doiradas,

duas rosas num jardim,

um São José de azulejos

Mais o SOL DA PRIMAVERA,

uma promessa de beijos

dois braços à minha espera...

É uma casa portuguesa, com certeza!~

É, com certeza, uma casa portuguesa!

No conforto pobrezinho do meu lar, há fartura de carinho.

A cortina da janela é o luar,

mais o SOL que bate nela...

Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar

uma existéncia singela...

É só amor, pão e vinho

e um caldo verde, verdinho

a fumegar na tigela.

Quatro paredes caiadas,

um cheirinho a alecrim,

um cacho de uvas doiradas,

duas rosas num jardim,

um São José de azulejos

Mais o SOL DA PRIMAVERA,

uma promessa de beijos

dois braços à minha espera...

É uma casa portuguesa, com certeza!

É, com certeza, uma casa portuguesa!

Olá!

Tinha o Media Player em Aleatório e apareceu-me, sem esperar esta tão conhecida canção. Decidi então publicá-la, como forma de mostrar muitas das coisas de que sinto falta. Especialmente o "Sol da Primavera" e a hospitalidade e simpatia do nosso país, à beira-mar (e muito bem) plantado. Devo dizer que começo a sentir a falta de alguns pequenos pormenores que fazem toda a diferença na nossa relação com as pessoas e que aqui não se sentem. Certo que são diferenças culturais que é interessante (e importante) observar, mas hoje, mais do que nunca, sinto a falta da simpatia e do calor que nos caracteriza. Por isto é que acho que é e será tão importante para mim vir para um país tão longe e tão diferente: como forma de perceber e dar mais valor a todas as pequenas coisas do dia-a-dia que me fazem falta. E o Sol é definitivamente uma delas!

Se fizerem Erasmus, aconselho vivamente que o façam num país bem longe e bem diferente do nosso, pois começo a chegar à conclusão que não estamos assim tão mal, acreditem.

Estou a apreciar a viagem e a experiência e, se eventualmente este post pode parecer um pouco triste, no sentido em que estou com saudades, o que é facto é que sinto isto como uma das coisas mais importantes por que passei e poucas experiências nos marcam tanto!

Beijinhos e abraços

quarta-feira, 4 de março de 2009

„Jahtumine” 02/03/2009

TERE!
Pois bem, finalmente chegou a data da exposição.
Chama-se „Jahtumine” , que significa arrefecimento ou algo do género, pois seria acerca da crise económica, assunto que eu não considere abordável do ponto de vista artístico, pelo que tentei contornar um pouco o tema.
A performance de um dos meus professores (ao meio)
Fiz então uns desenhos que funcionam como um grupo, onde escrevi palavras relacionadas com o assunto, mas em estoniano, pelo que para mim, não significam nada, estando também estas tapadas por papel, sendo apenas visíveis quando olhadas de muito perto. Por baixo destas, há umas frases em português, que é um pouco o verso da moeda: eu não os percebo e eles não me percebem a mim! Mas são frases que não têm nada javer com o assunto mas antes com a minha forma de estar, aqui que, por vezes para mim, significa estar completamente alheado do Mundo.
Sinceramente, isso não me preocupa. Também não me preocupa. Até tento não saber muito, de propósito.
Os meus desenhos
Houve então outros trabalhos de colegas. Ah, esqueci-me de dizer que a exposição foi (e é) nos correios, por ter estas salas livres e porque o objectivo desta cadeira é fazer exposições em sítios onde normalmnte estas não acontecem, daí os correios...
Outra coisa que me ocorreu com esta exposição foi que é muito fácil expor e aparecer nas notícias...sim, esta simples exposição (não vamos estar com rodeios, é verdade!) Apareceu numa grande página dos jornais e na TV. Eu só apareci em segundo plano...
Vista geral da exposição
Mais uma experiência. Também espero expor mais aqui...
Fica a notícia do jornal e beijos e abraços para todos
Postimaja tühje müügibokse täidab EKA tudengite näitus „Jahtumine”
Eesti kunstiakadeemia üliõpilased ja õppejõud korraldasid eile postimajas näituse „Jahtumine”, kus andsid oma hinnangu praegusele majanduskriisile. Postisaadetiste maht väheneb ja postimajas pesitsenud firmad on uksed kinni pannud — nüüd on vaba näitusepinda küllaga. Ürituse avas maja ees toimunud Jüri Ojaveri performance, kus kunstnik kandis suuri plakateid koos oma loosungitega. Pildil aga toetab Ojaver EKA tudengit Kermo Mäge, kes kommenteerib praegust aega. Näitusel eksponeeritud tööd varieeruvad joonistustest, installatsioonidest ja videotest fotoreportaažideni. Näitusel osalevad lisaks Kermo Mäele ja Jüri Ojaverile Kai Nurga, Tanel Rannala, Anna Aua, Jana Huul, Artur Vincent Kerge, Birgit Skolimovski, Liisa Kruusimägi, Kätlin Belajev, Liisa Soolepp, Toomas Thetloff, Joáo Henrique Rolaça ja Anu Juurak. Väljapanekut saab vaadata 14. märtsini.~
Jornal Eesti Päevaleht, 3 de Março 2009. Foto: Terje Lepp (imaginem o que seria se reparessem que eu não colocava as fontes?! Upa!Upa!)

domingo, 1 de março de 2009

Praga e Cracóvia 21/02 a 01/03 2009

Olá! Estou de volta! Bem, resumir uma semana num post não é fácil! Mesmo! Só para as imagens já aqui estou há imenso tempo! Mas por vocês faço isso e muito mais! Bem, nem sei bem por onde começar, não dá para ter noção de tudo o que se passou, isso podem ter a certeza. Para começar, no dia em que parti houve uma espécie de festival de esculturas de neve. A maior parte foram feitas por crianças, mas o que é interessante é que esse é o dia em que se come um bolo especial aqui na Estónia. Acho que já o tinha visto algures nas pastelarias, mas no dia 21 de Fevereiro é o dia em que toda a gente o come. É um bolo muito simples e leve, feito de uma massa leve e chantilly no meio. Com esta história do bolo, ia chegando atrasado para o voo! Fui então até Praga. Um cidade lindíssima onde me agradou imenso simplesmente passear pelas ruas, pois há sempre algo para ver. Dos primeiros sítio a que fui, foi o Museu Franz Kafka, onde se podem ver cartas e textos originais deste autor que se tornou um símbolo da cidade. Acho que é muito, mas mesmo muito conhecido como tal, pois há t-shirts e lembranças de todo o tipo por todo o lado, com a cara dele! Eu acho-a assustadora, mas enfim. O museu foi interessante, mas no fundo são papéis que não conseguia ler, pelo que foi um pouco estranho. Ao mesmo tempo, estava à espera de algo mais. Achei engraçado o monumento que está à entrada do museu, que são duas figuras a "fazer xixi" no mapa da República Checa. Não sei se é alusivo a algo muito específico do Kafka, pois o que li dele, não falava nada de algo do género, mas foi um coisa engraçada!
Devo dizer que a cidade é MUITO, mas mesmo muito turística, pelo que há gente em todo o lado, mas há também que dizer que é lindíssima, pois o que gostei foi o facto de ser genuína, de não estar completamente vendida aos turistas.
A cidade é tão bonita que grande parte da minha viagem foi simplesmente andar pelas ruas, ver as pessoas e simplesmente estar...
Subi à torre da Charles Bridge (soa mal dizer Ponte de Carlos, não acham?!), passeei pela ponte, perdi imenso tempo em livrarias e lojas de tudo e mais alguma coisa, foi uma óptima experiência. Foi uma viagem algo diferente das que já fiz. Decidi ser fiel ao que queria fazer, não "tinha" de ir ao monumento X ou ao museu Y. Andei por lá como me apeteceu!
Apesar de muito concorrido, é incontornável a visita ao relógio astronómico. Um monumento lindíssimo, muito bem conservado. Às horas certas, a Morte, o Turco, a Vaidade e o Avarento movem-se e aparecem os Apóstolos nas janelinhas por cima do relógio.
Curiosidades: A lenda diz que os vereadores da Câmara mandaram cegar o mestre que tinha construído o relógio, para que ele não pudesse construir uma cópia do relógio em outras cidades.
O relógio astronómico indica quatro tipos de tempo:
1. Tempo da Europa Central (tempo antigo alemão) – indicado por números romanos na berma da esfera, apontado pelo ponteiro solar.
2. Antigo tempo boémio – o novo dia começa com o deitar do sol. Indicado pelos números góticos dourados situados no anel exterior da esfera, gerido pelo aparelho independente.
3. Tempo babilónico (variável) – um dia demora desde aurora até o deitar do sol, devido que as horas do Verão demoram mais que as horas do Inverno. O relógio astronómico de Praga é o único relógio do mundo capaz de medir esse tempo.
4. Tempo astral – indicado pelos números romanos. Na parte inferior da fachada há o mostrador do calendário que indica o dia, sua posição na semana, mês e ano.
Bem, também visitei a zona do castelo de Praga, uma zona muito bonita, com uma vista fantástica sobre a cidade e sobre a mini-Torre Eiffel, que não visitei mas vi. Eu tinha pensado que era algo mesmo tipo miniatura mas afinal é algo razoavelmente grande. Voltado ao castelo,visitei a igraja de S. Vito e outras por ali, muito bonitas e elegantes e fui também a um pequeno bairro chamado Bairro do Ouro, que é um conjunto de pequenas casas, tipo rústicas, com lojas de souvenirs e produtos naturais de todos os tipos. Tenho medo de não estar a contar muitos pormenores acerca desta viagem, mas devo dizer que, apesar de abreviado o relato da viagem, esta foi fantástica e, de alguma forma um aventura, mas já conto... Outra coisa que achei engraçada em Praga foi a Dancing House do Frank O. Gehry. Foi interessante pois, se antes não gostava da sua arquitectura, apesar de continuar a não ser o meu género, pelo menos não a achei tão irresponsável e simplesmente doida, pois achei interessante como este edifício se enquadra na arquitectura que o circunda, mesmo que na foto não dê para perceber bem, as cores e aquela pequena cúpula entre outros aspectos são bastante harmoniosos. Gostei, devo dizer. Só não é permitido visitar o edifício (até achei graça ao letreiro na porta que dizia que não era permitido visitar o edifício pois é um conjunto de escritórios, tal não deve ser a afluência de pessoas a ir ali diariamente a pedir para ver por dentro!)
Bem, passados três dias em Praga, meti-me no comboio para Cracóvia, cujo bilhete tentei pagar com o cartão de saúde (sem sucesso, como devem imaginar!), mas só depois de ter dado o cartão à senhora percebi o que era. Enfim, só visto.
A viagem de ida foi especialmente agradável pois, apesar de ter demorado sete horas, a paisagem da Moravia (região da República Checa) é muito bonita e, apesar de ser maioritariamente plana, de vez em quando aparecem umas montanhas e o comboio passa dentro de túneis e vêem-se veados na paisagem...enfim, muito giro. Foi um tempo de reflxão e de preparação para a visita que ia fazer. Ao mesmo tempo, ordenei muitas ideias, especialmente em relação á faculdade, aqui, na Estónia, foi bom e passou-se muito bem. Chegado a Cracóvia, o primeiro impacto não foi o melhor! Era de noite e chegui a uma estação de caminhos-de-ferro muito escura e povoada por pessoas silenciosas e senti-me algo constrangido, até pensei "o que é que eu vim para aqui fazer!" lol, mas agora até é giro recordar o momento. Só me assustei quando dois homens vieram ter comigo e começaram a pedir coisas em polaco e eu só andava! Mas correu tudo bem. Sorte ter reservado o hotel com antecedência pois não e pareceu ser o tipo de sítio onde me apetecesse andar muito tempo á noite, mas não houve absolutamente nada!
A sensação de sair de um país todo muito arranjadinho e passar a outro completamente "Leste", algo sujo, escuro, mal iluminado, e duro, de alguma forma, não sei explicar, mas foi estranho, foi um sentimento de total independência e de desenrrascanço, tipo, "agora estou aqui tenho de me safar!" lol
Acabei por verificar que de dia a cidade era muito mais bonita, e por ver que a praça central da cidade é um complexo de vários edifícios muito diversos uns dos outros, de arquitectura maioritariamente gótica, mas com uma aparência que eu nunca tinha visto! O que achei de mais positivo na terra do antigo Papa foi a unicidade, tive a sensação de que não er só mais uma igreja ou um castelo, eram sempre algo que eu ainda não tinha visto. Por exemplo, o interior desta igreja com duas torres (Igreja de Maria) é de uma exuberância tão colorida e cheia de detalhes que foi definitivamente algo que eu ainda não tinha visto! Não tirei fotos porque não era permitido. Aliás, também há um letreiro a pedir para não se visitar, mas não resisti!
Toda a praça está rodeada de lojas das melhores marcas e de produtos de qualidade. Por outro lado, por toda a cidade se vêem restaurantes de kebab, o que achei uma coisa um pouco estranha! Visitei o Museu Narodowe, muito perto do sítio onde fiquei, com uma exposição com obras do Andy Warhol, entre outros. No último dia fui ao Castelo Wawel, que é um riquíssimo conjunto de edifícios, composto por igrejas, residência real e afins. Mais uma vez, o que achei mais bonito e interessante foi o facto de ser muito diferente do que já tinha visto, isto é, não se parece de forma nenhuma com os castelos que já vi: há uma enorme diversidade de cores, materiais e formas, não é comum, acreditem.
No último dia em Cracóvia visitei o campo de concentração de Auschwitz (ou Oświęcim, em polaco). Apanhei um minibus para o campo, que sai a cada 10 minutos de Cracóvia, mas sai apinhado de gente, só me imaginava a mim, mais uma vez, no mapa, num autocarro polaco, a caminho de Auschwitz, com a minha mala gigante ao colo, sem me poder mexer! Mais uma vez, só vivido! Bem, mas o campo em si, como devem imaginar não tem nada de divertido ou que me apetecesse fotografar. Aliás, esta foto ue vos mostro foi talvez tirada nos únicos 5 segundos de Sol que houve naquele dia! Nem sei como a consegui. Parece muito mais alegre que o sítio em si. Bem, vi um filme que está constantemente a passar, sobre a libertação do campo, mas havia das imagens mais terríveis que se podem imaginar! É que quando vemos um filme de terror, pensamos que aquilo foi tudo ensaiado e estão os actores caracterizados, mas ao ver aquilo, sabemos que não é nada disso, que foi talvez o crime mais horrendo e macabro que o Homem fez a si próprio. Não estive muito tempo no campo, no máximo três horas, tanto porque já não me apetecia lá estar, como porque tinha de ir apanhar o comboio de volta a Praga pois não há assim tantos durante o dia.
Bem, visitei as salas que mostravam a forma de vida das pessoas ali dentro, as câmaras de gás e outros blocos mas não me apetece entrar muito em pormenor! Era um sítio que há muito tempo tinha curiosidade de ir, mas está completamente visto, não há mais nada para ver ali, pelo sítio e memória que ele carrega. E mesmo assim, não vi grande parte. Valeu a pena, pois tinha de ir ali. Já quando estive na Polónia nas outras vezes queria ter ido ali, mas não era em caminho. Foi por isso que paroveitei o facto de estar ali razoavelmente perto fez com que não quisesse perder a oportunidade. Sinceramente, o que mais me incomodou, foi o facto de estar a pisar o mesmo chão que aquelas pessoas, de olhar para paredes que foram as últimas coisas que eles viram, de sentir que estou a pisar corpos, nas cinzas que já estiveram neste chão, não dá para explicar. Não disse quase palavra nenhuma lá dentro.
Voltei então para a estação dos comboios e percebi, pelo caminho, que toda a a cidade em si é muito triste, deprimida, há corvos e o tempo é cinzento! Bem...
Esta última fase desta viagem foi talvez a que mais se assemelha a uma aventura, pois, ao contrário da viagem para Cracóvia, esta não seria directa, isto é, teria de trocar de comboio duas vezes. Então, depois de ter almoçado num restaurante algo estranho, ainda em Oświęcim, fui para a estação dos comboios, um sítio muito escuro, sem muita gente, onde esperei por um comboio algo estranho, que seguia em direcção a Czechowice Dziedzice (percebem?!), a viagem foi relativamente curta e mal tive tempo de aquecer o banco. Chegado a essa localidade, a vontade de ir ao WC era superior a mim (não havia casa de banho no comboio), saíndo da estação à procura de um café: nada! Então, determinado, voltei para a estação e lá vi aquilo que me parecia ser a indicação de WC. Á porta, num pequeno guichet estavam dois homens, provavelmente "envodkados" (não se esqueçam que a Polónia é o país de origem da vodka). O que estava a passar era que eu não tinha já złotis e então tive de estar à procura na carteira de todas as moedinhas (imainam como eu estava: muito aflito!lollol), a quantia não chegava, mas o homem deixou-me passar, dando-me para a mão uma maçaneta envolta em papel, ao que eu pensei: estas casas de banho são (muito) modestas, mas o senhor até foi simpático em dar-me a maçaneta com um papelinho à volta, para eu não ter de lhe tocar com a mão, "- Simpático!"...não, nem por isso, pois percebi então, depois de já quase ter deitado o papel fora, que aquele era o "meu" papel. Eu não sabia se havia de rir ou chorar, pois só me imaginava, com uma mochila gigante, numa estação perdida na Polónia, chamada Czechowice Dziedzice, escura e velha, cheia de gente muito estranha, numa casa de banho de higiene duvidosa, a lutar por falta de papel. Só devo dizer que foi um dos momentos da viagem! Não dá mesmo para explicar. Estou mesmo a ter a noção que não estou a conseguir exprimir o momento. Acho que foi uma das sensações mais estranhas e engraçadas que tive. A sensação de viajarmos por sítio não muito turísticos põe-nos à prova a nossa resistência e força, não quero dizer que sou "muita bom" e tal, mas quando passarem pela experiência, se ainda não passaram, tentem lembrar-se disto que vos digo! Passado mais um tempo de espera no interior da estação, entrei noutro comboio, também este com aquele aspecto de Leste, muito estranho mesmo, que me levou até Ostrava, uma cidade da República Checa. Devo dizer que, de alguma forma foi uma sensação de alívio estar fora da Polónia, pois já estavam a ser emoções a mais e por uma ou outra vez, admito que tive o "rabo entre as pernas".lol Experiência!
Passado mais um tempo, voltei a outro comboio, esse sim, que me levaria a Praga. Mais uma vez, a viagem fez-se muito bem, a ver um livro que tinha comprado e a jantar a comida que tinha comprado na Polónia. Por estes dias, andei a comer uma data de coisas estranhas, desde sopa de alho e queijo (um prato típico checo - em baixo, na foto, a chocolate com rosas, kebab com eu nunca tinha visto e acho que tão cedo não quero ver, a pierogi (um prato típico polaco. um espécie de ravioli).
Chegado a Praga, a sensação foi muito estranha. Estava amplamente excitado e com vontade de andar e gastar energias! Não, não é o que estão a pensar! lol, deixei a mochila no hotel e fui ver tudo o que já tinha visto na cidade, mas a pé e de noite, o que também foi uma experiência interessante, pois tudo parece diferente de noite! Pude ver que os checos são pessoas que gostam de sair, pois, também por ser sexta-feira, as ruas estavam bastante movimentadas, repletas de pessoas elegantes que se iam divertir: tal como eu! lol. Uma coisa que também achei estranha foi a quantidade de bares de meninas e de homens á porta a dar flyers e a perguntar se queria "pussy", mesmo assim: "Pussy? You want pussy?"! Achei aquilo muito estranho pela frontalidade com que publicitam o seu produto, mas enfim, foi engraçado!
Andei ainda um bom bocado por ali e fui para o hotel.
No dia seguinte apanhei o avião para Tallinn.
Apesar de estar aqui a simplificar o relato da viagem e provavelmente não parecer assim tão emocionante, devo dizer que o foi. Encontrei pessoas interessantes, ví sítios magníficos, tanto pela positiva como pela negativa, ví o melhor de dois mundos que, apesar de não serem assim tão distantes, são bastantes diferentes. Outra importante sensação foi o facto de estar a voltar de viagem, não para casa em Portugal, mas para a Estónia. Ia no avião e pensava que devia (ou não, não sei) ser no sentido contrário que devia seguir e depois estar lá em cima a sentir o Sol na cara por instantes e, de repente, quando começamos a descer, atravessar umas nuvens muito densas e percebr que por baixo delas tava um clima cinzento, frio, para onde me dirigia. Acho que esta viagem teve muitas experiências diversa que foi importante experimentar, precisamente por estar de Erasmus. Sair de um sítio e voltar para outro que não me pertence, e toda aquela experiência do Leste, foi muito importante! Gostei imenso!
Agora é tempo de voltar ao trabalho, pois há uma exposição para apresentar!
Beijinhos e abraços cheios de saudades!
João